terça-feira, novembro 14, 2017

EUROPA DEMOGRAFICAMENTE AMEAÇADA PELA IMINVASÃO COMEÇA A REAGIR

Poucas semanas depois que a Alemanha abriu as fronteiras para a entrada de mais de um milhão de refugiados do Oriente Médio, África e Ásia, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, alertou que a crise migratória poderia "desestabilizar as democracias". Ele foi tachado de demagogo e xenófobo. Dois anos mais tarde, a previsão de Orbán confirmou-se. Conforme explica o Website Politico: "a maioria dos líderes da UE ecoam as palavras do primeiro-ministro húngaro" e agora ele já pode afirmar: "a nossa posição está lentamente a tornar-se a posição maioritária".
Parece que muitos na Europa já entenderam o que Ivan Krastev, presidente do Centro de Estratégias Liberais de Sófia e membro do Instituto de Ciências Humanas de Viena, explicou recentemente ao Le Figaro: "A crise migratória é o '11 de Setembro' da União Europeia... Naquele dia, em 2001, tudo mudou nos Estados Unidos. Num minuto apenas, os EUA deram-se conta da sua vulnerabilidade. Os imigrantes causam o mesmo efeito na Europa. Não é o tamanho do contingente que desestabiliza o velho mundo... A crise migratória afecta profundamente os ideais da democracia, tolerância e progresso, bem como os princípios liberais que compõem o cenário ideológico. É um divisor de águas na dinâmica política do projecto europeu".
A imigração está a ter um expressivo impacto, por exemplo, nas finanças públicas da Europa. Veja os dois países mais afectados. O governo federal da Alemanha gastou 21,7 biliões de euros em 2016 só com a imigração. Fora isso consta que o orçamento da Alemanha para a segurança saltará um terço no ano corrente, de 6,1 biliões para 8,3 biliões de euros.
Em Itália o Ministro da Economia e Finanças anunciou recentemente que o país irá gastar 4,2 biliões em 2017 com os imigrantes (um sétimo de todo orçamento de Itália para 2016). A Espanha anunciou recentemente que no Norte da África, a cerca que contorna os enclaves de Ceuta e Melilla, que impede que os migrantes entrem em território espanhol, receberá uma injecção suplementar de 12 milhões de euros. Em todos os cantos da Europa, países estão alocando recursos extraordinários para tratar da crise migratória, que também mudou o cenário político do velho mundo.
As recentes vitórias de Sebastian Kurz nas eleições da Áustria e de Andrej Babis nas da República Checa engrossaram, ao que tudo indica, o grupo de países da Europa Central e Oriental que se contrapõem a Bruxelas, países estes que não querem aceitar a entrada do contingente de imigrantes exigidos pela União Europeia. A questão da imigração está dividindo a Europa em termos ideológicos. Não são apenas cercas, são rivalidades, desconfianças e ódios que agora dividem mais extensamente do que nunca o projecto europeu. O público europeu olha com desprezo as instituições da União Europeia. Lê-a à luz do multiculturalismo e da imigração, não é apenas indiferente aos seus próprios problemas, mas somam a estes os que já existem.
Outro terremoto político ligado à crise migratória é "o declínio da social-democracia no Ocidente", conforme salientou recentemente Josef Joffe, editor do Die Zeit. Em toda a Europa, a crise da imigração praticamente acabou com os partidos sociais-democratas, que há muito se sabe são incapazes de lidar com o problema. Há vinte anos esses partidos liberais de Esquerda governavam em tudo quanto é canto, por exemplo: Espanha, Grã-Bretanha, Alemanha, mas agora estão na oposição, menos na Itália. Da Noruega à Áustria, a Europa é governada pelos conservadores.
Mais de metade das conspirações terroristas ocorridas na Alemanha desde o início da crise dos imigrantes em 2014 envolveram imigrantes, de acordo com as manchetes da época e de um estudo da Heritage Foundation. Além disso, o Estado Islâmico, agora derrotado em Raca, aproveitou-se da desestabilização causada pela guerra civil na Síria e tornou-se numa das principais forças motrizes da crise migratória. A imigração tem dado grandes dores de cabeça no tocante à segurança da Europa. A partir do território conquistado, o ISIL lançou ataques terroristas de grande vulto no velho mundo.
A crise migratória também teve como consequência o fortalecimento estratégico do presidente turco Recep Tayyip Erdogan na Europa. Ele tem vindo a chantagear os países europeus ameaçando-os: se biliões de euros e certas concessões políticas não lhe forem outorgadas, ele irá abrir as fronteiras da Turquia para que milhões de imigrantes inundem a Europa. Erdogan não só exigiu da Europa a prisão de escritores e jornalistas, também tentou influenciar as eleições na Holanda e na Alemanha apelando para os seus partidários turcos.
Um relatório do Pew Research mostra como a imigração está transformando os países europeus. Somente em 2016, a população da Suécia cresceu mais de 1%. O aumento é atribuído à migração em massa, a segunda mais alta da UE. O número de imigrantes aumentou de 16,8% para 18,3% da população sueca entre 2015 e 2016.
Áustria e Noruega, dois países com grandes contingentes de imigrantes (no mínimo 15% em 2016), registaram um aumento populacional de 1% em relação a 2015. O jornal Die Welt relatou recentemente que 18,6 milhões de residentes alemães, um quinto da população total da Alemanha, já é de origem imigrante.
O Centro Machiavelli na Itália denunciou, segundo o estudo "como a imigração está a mudar a demografia italiana", que uma guinada "sem precedentes" na demografia de Itália está em curso devido à crise migratória.
Abriram a caixa da Pandora da revolução demográfica.
Há dois anos, o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán era a única voz na Europa a falar da necessidade de manter a Europa "cristã". Agora, Donald Tusk, presidente da Comissão Europeia, um dos seus adversários mais ferrenhos ressaltou: "Somos uma comunidade cultural, o que não significa que somos melhores ou piores, somos simplesmente diferentes do mundo exterior... a nossa mente aberta e tolerância não podem significar deixar de proteger a nossa herança".
Em 2015 qualquer conversa sobre "cultura" era condenada como "racismo". Agora está a tornar-se parte da grande massa.
Ao tentar lidar com a guerra dos islamistas contra os ideais ocidentais, cultura e religião e o choque cultural que eles criaram, a Europa ficou de pernas para o ar.
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Giulio Meotti, Editor Cultural do diário Il Foglio, é jornalista e escritor italiano.
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Fonte: https://pt.gatestoneinstitute.org/11366/crise-migratoria-europa

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A Europa está pois a acordar e a reagir. Resta saber se a reacção vai a tempo de salvaguardar a identidade europeia. Se não for, isso ficará a dever-se ao universalismo militante das elites reinantes e ao fanatismo mentecapto dos nacionalistas anti-democratas que durante anos estiveram de costas voltadas para o povo.