terça-feira, novembro 14, 2017

PSD QUER REDUZIR IMPOSTOS SOBRE O GRANDE CAPITAL...

O PSD foi ao baú dos tempos da troika em busca de inspiração para a discussão na especialidade do OE2018 e vai propor uma redução de impostos para os rendimentos de capital, sejam de empresas, patrões e grandes proprietários imobiliários.
Uma das peças centrais da política fiscal desejada pelo partido é a retoma da «reforma do IRC». O PSD quer retomar o ritmo de descida do imposto sobre os rendimentos de todas as empresas, fazendo descer a taxa, que actualmente está em 21%, para 19% em 2018 e 17% em 2019. Esta medida constava da estratégia acordada entre o PSD, o CDS-PP e o PS de António José Seguro, travada depois da derrota eleitoral do anterior governo em Outubro de 2015.
Para os grandes grupos económicos, a proposta passa por baixar o limiar acima do qual as empresas ficam isentas de IRC sobre os dividendos de subsidiárias. Actualmente, uma empresa que tenha uma participação de 10% noutra não paga impostos sobre os dividendos que recebe – o PSD quer baixar esse limite para 5%.
A borla para os patrões passa por uma redução da taxa liberatória de IRS aplicada sobre os juros, dividendos ou especulação bolsista. Actualmente, estes pagam uma taxa fixa de 28%, independentemente do valor que recebem: enquanto os rendimentos do trabalho são taxados progressivamente (paga mais quem ganha mais), a taxa é igual para quem recebe 3 mil euros em juros ou para quem ganha 3 milhões na bolsa. Também aqui, o PSD quer uma redução faseada – 26,5% em 2018, 25% em 2019 e 23% em 2020.
No caso de accionistas que são simultaneamente trabalhadores da empresa, a proposta passa pela aplicação de uma taxa especial de apenas 20%.
O Negócios revela ainda que o PSD quer acabar com o adicional ao Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), que incide sobre o património imobiliário de valor muito elevado – é aplicada uma taxa de 0,7% entre os 600 mil e 1 milhão de euros, e de 1% para quem tem património acima desse valor. A proposta é que seja retomado o regime anterior, em que o imposto de selo considerava apenas cada imóvel isoladamente, ignorando quem tem vários prédios com valor mais baixo.
As propostas devem ser apresentadas hoje pelo grupo parlamentar do PSD em conferência de imprensa, conclui a notícia.
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Fonte: https://www.abrilabril.pt/nacional/psd-abre-o-jogo-e-vai-propor-borla-fiscal-aos-rendimentos-de-capital

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Claro... mal a economia melhora um bocadito, quem é que, segundo PSDs e merdas afins deve ganhar com isso?, o povinho, a ver por exemplo a merda do seu salário mínimo a melhorar?, nem pensar, isso é «irrealista», apesar de, contrariamente ao que diz o PSD, a economia estar a crescer graças ao consumo privado das famílias... Então, quem deve ficar a ganhar com a melhoria da economia?, o grande capital, evidentemente...

2 Comments:

Blogger Afonso de Portugal said...

Não concordo com a parte da tributação dos rendimentos em bolsa. O Estado não me paga nada quando tenho anos negativos, porque diabo tenho de lhe pagar tanto quando tenho anos positivos? Os rendimentos em bolsa não são tributados como um salário precisamente porque não são um salário! O salário cai mais ou menos certinho ao fim de cada mês, os rendimentos em bolsa não! Têm muitos riscos associados e é preciso fazer muito trabalho de casa para se poder fazer dinheiro!

De resto, é bastante sintomático que o escriba desse artigo reduza a bolsa a "juros, dividendos ou especulação bolsista". Nem uma palavra sobre investimento, que é precisamente o objectivo principal da coisa! Não admira que 90% dos portugueses nunca tenham tido acções, têm aversão ao veículo com maior potencial para fazer crescer as suas poupanças... 52% dos adultos norte-americanos têm acções, mas nem sequer 10% dos portugueses têm acções. Porque será? Deve ser porque os ianques são analfabetos e estúpidos, como se diz constantemente aqui no rectângulo!

14 de novembro de 2017 às 21:39:00 WET  
Anonymous Anónimo said...

A economia a melhorar?



ECO Economia Online
15/11/17

António Costa
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O balão (da política económica) a esvaziar

O balão da política económica assente no consumo interno e na conjuntura internacional que puxa pelas exportações está a esvaziar. Os números do crescimento económico do terceiro trimestre e as previsões da Comissão Europeia para o próximo ano - não é preciso ir mais longe - mostra como vamos entrar no período de abrandamento económico, a crescer menos do que no trimestre anterior. E Mário Centeno tem razão, o Orçamento do Estado para 2018 é mesmo de continuidade...

Vamos aos números. A economia portuguesa cresceu 2,5% no terceiro trimestre deste ano, revela a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicada esta terça-feira. O consumo privado acelerou, enquanto o investimento abrandou. Já a procura externa líquida deu um contributo negativo, ao contrário do verificado no trimestre anterior. O organismo de estatísticas adianta que este contributo ficou negativo porque as exportações de bens e serviços desaceleraram, enquanto as importações cresceram mais depressa. Dito de outra forma, tudo ao contrário do que deveria ser. Deveríamos ter mais exportações do que importações, mais investimento do que consumo. É um trimestre, dirão, pode corrigir. Pode, mas é preciso que a política económica esteja desenhada para isso. E não está.

E no contexto europeu? Os números são bons para consumo (político) interno, mas a comparação com outros países da União mostra um quadro menos cor de rosa. Então, é assim. O PIB da União Europeia cresceu 2,5% no terceiro trimestre deste ano, revelou o Eurostat esta terça-feira, na sua primeira estimativa rápida. O valor implica também que Portugal deixou de crescer acima da média dos parceiros comunitários, passando a alinhar pelo mesmo ritmo.

Para 2018, o Governo antecipa um abrandamento da economia, e Bruxelas também, Estão em sintonia, apenas com a diferença de uma décima na previsão, 2,2% e 2,1%, respetivamente.

A proposta de orçamento para 2018 é, na verdade, como afirma Mário Centeno, uma continuidade em relação aos orçamentos da geringonça dos anos anteriores. É, até, mais cavado, se quisermos, na opção por uma estratégia assenta na devolução de rendimentos. Todos defendemos, seguramente, que isso seja possível, nem todos defendemos que seja feito em função das condições económicas e orçamentais do país a médio e longo prazo, e a privilegiar uns em detrimento de outros. Um exemplo: Com este aumento do PIB, o governo vai permitir que as pensões subam acima da inflação. É ótimo para os pensionistas no curto prazo, será sustentável? Sabemos como é difícil cortar na despesa com pensões em caso de necessidade. A ser necessário, o ajustamento orçamental virá de outra rubrica... Sim, adivinhou, do aumento de impostos.

Não só a proposta de orçamento não traz nada de novo, e de bom, apenas a proteção daqueles que estão debaixo da asa do Estado (vamos ver como o governo descalça as expetativas que criou aos professores...), à custa de todos os outros, como a discussão na especialidade ameaça torna-la ainda pior.

Eco online

15 de novembro de 2017 às 19:00:00 WET  

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