quarta-feira, setembro 20, 2017

CIMENTEIRA FRANCESA PAGOU AO CALIFADO PARA PODER MANTER FÁBRICA NA SÍRIA...

O grupo francês de cimentos Lafarge, agora fundido com o Holcim, reconhece que pagou cerca de 20 mil euros ao Estado Islâmico (EI), bem como diversas quantias a outras organizações armadas, sob forma de extorsão, para poder manter a actividade na fábrica de Jalabiya, na Síria, em plena guerra.
Os dados foram revelados esta Mércores pelo jornal Le Monde e a revista Le Canard Enchaîné, de acordo com declarações de alguns directores da empresa, em particular da filial Lafarge Cement Syria (LCS), à justiça francesa, que abriu uma investigação em Outubro do ano passado.
Os investigadores não só chegaram à conclusão de que a companhia financiou “indirectamente” grupos terroristas mediante a elaboração de documentos de contabilidade falsificados, mas também que provavelmente tal foi encoberto por alguns superiores, em particular o que era presidente do grupo, Bruno Lafont, disseram três directores.
A decisão de manter a actividade em Jalabiya entre 2011 e 2014, apesar dos riscos em pleno conflito, recebeu a autorização das autoridades francesas, com as quais a Lafarge manteve encontros regulares sobre a questão, segundo os meios de comunicação franceses.
As reportagens também revelam que os responsáveis pela fábrica – em operação desde o final de 2010- omitiram dos diplomatas que era feito mediante o pagamento de centenas de milhares de dólares a diferentes grupos armados, alguns catalogados como terroristas (em particular o EI), para que permitissem o seu funcionamento.
A situação deteriorou-se com o avanço da guerra e, segundo o director até Junho de 2014, Bruno Pescheux, no Verão de 2012 foram retirados do país os trabalhadores estrangeiros. Foi, também, pedido a alguns empregados que não comparecessem ao trabalho por razões de segurança devido às suas crenças.
O responsável da LCS afirmou que a ideia era “preservar as integridade do local, fazendo-o funcionar, ainda que fosse de forma descontinuada”, para manter a presença da empresa, com a perspectiva das necessidades de reconstrução do país.
No entanto, a partir de Setembro/Outubro desse ano, perante a exigência de comissões por parte de grupos armados presentes na região, foi colocado em funcionamento um dispositivo criado por um antigo accionista do grupo, Firas Tlass, filho de um ex-ministro de Defesa do presidente sírio, Bashar Al-Assad, que tinha passado à oposição.
Tlass recebia de 80 mil dólares a 100 mil dólares por mês para negociar com grupos que estabeleciam controlos armados e colocavam em perigo a actividade da LCS em Jalabiya. Em Outubro de 2012, nove empregados que deixado de trabalhar na fábrica pouco antes, foram sequestrados quando foram cobrar dívidas e a Lafarge pagou às milícias locais o equivalente a 200 mil euros pela sua liberdade.
Em Junho de 2013, o Estado Islâmico assumiu o controlo da cidade de Raqqa, a 87 quilómetros, e depois de meses a organização terrorista passou a fazer parte dos que extorquíam a empresa. O director local da LCS reconheceu que o nome do EI apareceu em alguns documentos.
Questionado sobre o valor pago por mês ao grupo terrorista, Pescheux respondeu que eram “cerca de 20 mil euros por mês”.
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Fonte: http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/grupo-frances-reconhece-que-financiava-ei-para-poder-manter-fabrica-na-siria-211233

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Já se sabe que o capital não tem pátria... nem vergonha... sobretudo quando em contacto com forças do terceiro-mundo.