terça-feira, agosto 08, 2017

EUA PODEM ESTAR A CONTRIBUIR PARA FORMAR ESTADO CURDO NA SÍRIA

De acordo com forças da coligação, liderada pelos EUA, que estão a combater o Daesh na Síria, 850 voluntários locais estão a ser treinados para garantir a segurança de Raqqa. Entre eles, há combatentes das Forças Democráticas da Síria, cuja espinha dorsal é composta pelas Unidades de Protecção Popular curdas (YPG).
O anúncio causou preocupação da Turquia, pois trata-se da questão de formação de Estado independente curdo em território sírio.
O jornalista, comentarista político e autor do livro "Daesh: Terror negro", Mehmet Ali Guller, disse em entrevista à Sputnik Turquia que, além de não provocar surpresa, há grande possibilidade de a declaração dos representantes da coligação estar alinhada à estratégia dos EUA de criar um Estado autónomo curdo no norte da Síria, assim como tentaram durante a ocupação do Iraque.
"O princípio do combate ao Daesh, chamado pelos EUA de 'estratégia de Obama', consistia no destacamento de unidades de autodefesa curdas YPG. Desta maneira, os EUA visam reunir os três distritos declarados pelo Partido de Aliança Democrática, ampliar o território ao sul, bem como assegurar a legitimidade do Estado Curdo durante os combates contra Daesh", afirmou Guller.
Segundo ele, os Estados Unidos estão determinados a alcançar o objectivo estabelecido. 'Por um lado, na semana passada, a CIA (Agência Central de Inteligência) anunciou o fim do programa de treinamento e fornecimento à oposição síria, fazendo com que surgisse esperança de haver mudanças positivas na resolução do conflito sírio. Mas não se poder deixar iludir pela afirmação, pois, na realidade, os EUA não abandonaram o programa, simplesmente pararam de apoiar alguns grupos jihadistas. Na verdade, a realização de treinamento das unidades curdas e fornecimento de armas pesadas para regularização de um exército estão a acontecer justamente agora. Se isso acontecer, as forças das YPG vão poder reforçar as suas posições de forma definitiva no norte da Síria".
Para Guller, a única coisa que impede os EUA de criar um Estado Curdo na Síria é o reestabelecimento das relações entre Ancara e Damasco. "A Turquia deve analisar o problema por este ângulo, deve entender que Ancara e Damasco têm interesses comuns na região. A estabilidade será alcançada somente através de acordos entre Ancara e Damasco. Caso contrário, os Americanos criarão o Curdistão no território sírio, tal como fizeram nos últimos 25 anos no Iraque. Tornar-se numa unidade do Exército dos EUA não pode estar entre os interesses dos Curdos, pois isso eventualmente causaria preocupação dos povos vizinhos da região, tais como Turcos, Iranianos e Árabes, o que levará a um conflito. Antes de mais nada, para assegurar a paz e a estabilidade, é preciso pôr fim ao imperialismo americano na região."
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Fonte: https://br.sputniknews.com/oriente_medio_africa/201708079045791-eua-criacao-curdistao-norte-da-siria/

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Deve ser das poucas vezes em que a intervenção norte-americana se mostra verdadeiramente positiva - útil a um Povo que quer ser livre e útil, também, à Europa, até mesmo à Rússia, por permitir aos Europeus todos - Russos incluídos - encontrar na região um novo aliado natural contra o islamismo radical árabe, turcófono e até irânico, isto se o nacionalismo curdo e as religiões não muçulmanas puderem vingar no Curdistão, bem entendido.