sexta-feira, julho 22, 2016

PROPOSTA DO PAN CONTRA A TOURADA NÃO PASSOU NO PAR(A)LAMENTO

Intervenção que de André Silva sobre a utilização de dinheiros públicos para financiamento directo ou indirecto de actividades tauromáquicas.
"A vida é feita de escolhas. Fazemos as nossas escolhas, e as nossas escolhas fazem-nos a nós. Escolher quer dizer preferir, seleccionar, optar. Toda a nossa vida é feita de escolhas, e hoje debate-se uma escolha.
Pretendemos debater se os dinheiros públicos devem, ou não, financiar as actividades tauromáquicas. Debate-se hoje se os recursos públicos devem, ou não, estar ao serviço de um espectáculo extremamente violento que inflige dor e sofrimento atroz a seres sencientes.
O financiamento destas actividades é real, mas é sempre negado pelos gestores políticos. Tão enorme quanto a opacidade dos números e cuja investigação é como encontrar uma agulha num palheiro.
Os apoios somados ascendem a muitos milhões de euros. Desde logo através do poder central (IFAP) com subsídios à criação de bovinos de raça brava de lide, incluída estrategicamente na lista das raças autóctones para, precisamente, ser elegível a receber apoios financeiros.
Também como exemplo tendencioso do papel do Estado nesta matéria, que contribui e valida este espectáculo anacrónico, está a isenção de IVA aos artistas tauromáquicos, equiparados nesta matéria a médicos ou enfermeiros.
Mas é através dos municípios que os apoios financeiros concedidos dão cobertura e perpetuam uma actividade parasita do Estado, traduzidos em numerosos e criativos procedimentos com dinheiros públicos.
Alguns poucos exemplos: patrocínio de corridas, pagamento de publicidade, empréstimo de transportes municipais, aluguer de viaturas, compra e oferta de bilhetes de corridas, aluguer de touros, contratação de cavaleiros e matadores, subsídios a colectividades tauromáquicas, compra de livros alusivos, patrocínio de escolas de toureio, financiamento de casas-museu de matadores de touros, cedência de fracções de imóveis, doacção de propriedades e, a cereja no topo do bolo, as faraónicas obras em praças de touros, templos da cultura da violência e da morte.
A tauromaquia transformou-se numa indústria que, ao invés de operar numa economia de mercado com as regras concorrenciais de qualquer outra actividade económica, é um sorvedor de dinheiro público que retira oportunidades a áreas bem mais determinantes na nossa sociedade como a saúde, a educação ou a investigação.
Independentemente de se ser a favor ou contra a tourada, devemos ser equidistantes o suficiente para saber que não deve ser o dinheiro público a suportar uma actividade que é controversa, que implica violência e sofrimento gratuitos sobre animais para entretenimento, que contraria a mais recente legislação europeia e o desenvolvimento uma sociedade sadia e, que de resto, a maioria dos portugueses não aceita e não apoia."

A proposta para impedir a utilização de recursos públicos em prol da tauromaquia foi rejeitada por PSD, CDS, PS e CDU. Teve os votos a favor do BE, PEV, PAN e de 11 deputados do PS - Diogo Leão, Pedro Delgado Alves, Rosa Albernaz, Inês Lamego, Ivan Gonçalves, Isabel Santos, Pedro Bacelar, Luís Graça, Carla Sousa, Tiago Barbosa Ribeiro e João Torres - e os votos contra do PSD, restantes deputados do PS, CDS e PCP.

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Fonte: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1348532328510267&set=a.148486151848230.26807.100000605386955&type=3&theater

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Para não variar, a tourada tinha de ser protegida pela cambada dos partidos plutocratas eventualmente bem relacionados com interesses das grandes famílias, algumas delas «perseguidas» pelos activistas anti-tourada (diz o PSD...); a estes junta-se o PCP, que não respeita verdadeiramente os mais desfavorecidos, que surgiu em violência e apoiou sempre regimes violentos e desrespeitadores dos direitos dos verdadeiros desfavorecidos, e que hoje se agarra aos já diminutos votos alentejanos. Não é graças a esta malta que o Povo está a evoluir e a abandonar cada vez mais a tortura dos toiros.

Já agora, pode-se protestar aqui contra a exibição da tauromaquia na RTP: http://media.rtp.pt/institucional/orgaos-sociais/enviar-mensagem-ao-provedor/