domingo, fevereiro 01, 2015

MINISTRO DA CULTURA DO ESTADO PAPAL QUERIA QUE CHARLIE HEBDO TIVESSE «DIALOGADO»...

Fonte: http://rr.sapo.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=29&did=176659   (texto do artigo a itálico, comentários do blogueiro a escrita normal)
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"O que também faltou ao mundo do 'Charlie Hebdo' foi o desejo de diálogo, ou seja, de respeito por aquele mundo que também podia ter formas discutíveis." É o que defende, em entrevista à Renascença, o cardeal Gianfranco Ravasi, responsável da Santa Sé para a Cultura. 
Ravasi não tem dúvidas: hoje, Jesus comunicaria através do Twitter, uma vez que saber comunicar é mesmo decisivo. No seu tempo, diz o cardeal, Cristo soube usar as expressões certas e é isso que deve fazer hoje a Igreja. 
"Os jovens de hoje, que são nativos digitais, têm ainda uma linguagem com certos aspectos constantes da humanidade, 
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Mas, para comunicar bem o que se quer, é preciso não esquecer uma nova realidade que deriva do avanço do Islão, sobretudo no ocidente. 
"Os estudiosos de sociologia falam agora de 'glocalização', em vez de globalização, porque os problemas locais tornam-se igualmente relevantes. As culturas locais impõem-se, algumas vezes de forma fundamentalista, de auto-defesa. 

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Percebe-se - os globalizadores não conseguiram sufocar as identidades, que resistem e ripostam. 

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Pensemos na própria identidade muçulmana tão acentuada: é uma forma de 'glocalização'. Por isso, para anunciar agora alguns temas fundamentais, é preciso ter em conta as diversas sensibilidades e os diversos contextos em que a cultura se desenvolve", diz. 
Faltou "desejo de diálogo"
Exemplo destas tensões e falta de sensibilidade foi o que recentemente aconteceu em Paris, com os ataques ao jornal satírico "Charlie Hebdo" e a um supermercado judaico. 
Para Ravasi, "não há dúvida que isto representa o grande risco para o qual tende o desvio de uma cultura e de uma religião". 
"O que também faltou ao mundo do 'Charlie Hebdo' foi o desejo de diálogo, ou seja, de respeito por aquele mundo que também podia ter formas discutíveis. 
Por isso, creio que, para evitar futuras tragédias deste género, é importante combater o fundamentalismo, mas também o sincretismo e a indiferença para quem já não existe nem direitos, nem deveres". 


Mais uma vez, uma voz da Igreja a dirigir a crítica ao Charlie Hebdo, entenda-se, à liberdade de expressão. Confirma-se que a maior instituição da Cristandade continua a ser inimiga deste direito absolutamente crucial e axial do Ocidente, elemento definidor da civilização europeia - a Liberdade. Bem pode a vigarada do Judeu Morto adoptar discursos «compreensivos» para com a juventude e os novos desafios e etc. e tal e coisa, a mentalidade não mudou. O vocabulário da moda serve apenas para mascarar e também veicular uma velha agenda. Esta é essencialmente a mesma Igreja que tomou a iniciativa de destruir templos, altares e estátuas das Divindades nacionais europeias, a mesmíssima Igreja que ainda no século XIX se orgulhava de ter destruído textos «maus», e que nesse mesmo século - não foi no XI nem sequer no XV, foi mesmo no XIX, portanto, já na época contemporânea - condenava abertamente a ideia de liberdade de pensamento e de culto:

http://gladio.blogspot.pt/2011/05/igreja-contra-um-dos-fundamentos-do.html
 - em 1832 o papa Gregório XVI publicou a encíclica Mirari Vos, onde condenou a liberdade de religião, a liberdade de opinião (consciência), e a liberdade de imprensa (a qual, para o papa, é uma "monstruosidade"), gabando-se aqui a Igreja de ter chegado ao ponto de destruir «livros maus»: «12. Foi sempre inteiramente distinta a disciplina da Igreja em perseguir a publicação de livros maus, desde o tempo dos Apóstolos, dos quais sabemos terem queimado publicamente muitos deles.»;
 - a 20 de Junho de 1888, o papa Leão XIII publicou a encíclica «Libertas Praestantissimum», a declarar o seguinte: «Não é de modo algum permitido pedir, defender, ou acordar sem discernimento a liberdade de pensamento, de impressão, de ensino, de religiões, como sendo direitos que a natureza conferiu ao homem.»
Até nisto se vê bem como é irmã do Islão, a doutrina do Judeu Morto... http://gladio.blogspot.pt/2007/10/o-intil-dilogo-que-o-islo-rechaa-h-mil.html
A conversa do ministro da cultural papal sobre «diálogo» é portanto nada mais que um típico exemplo, quase estereotipado, do estilo melífluo, aliás, descaradamente sonso, de uma tropa que só não impõe agora as suas crenças aos outros porque já não o pode fazer. Por «diálogo» quer o cardeal dizer cedência e «respeitinho». Quem souber o real valor da Liberdade não vai nessa. Quando se trata de criticar uma doutrina, mormente se de uma doutrina alógena se tratar, não tem de haver «diálogo» sobre os limites da nossa própria liberdade de expressão em nossa própria casa, é que está completamente fora de questão. A nossa liberdade não se «negoceia». É um dado adquirido à partida, do mesmo modo que os muçulmanos dão por adquirido que o seu Alá é verdadeiro.   

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O diálogo é a única saída, diz a Igreja, mas para isso acontecer, é preciso ter um rosto bem definido, coisa que é difícil no Ocidente. 
"Para haver diálogo, é preciso haver dois rostos. Nós temos um Islão que avança, que tem um rosto, pode ser até um rosto violento, mas é bem definido. Nós, os ocidentais, perdemos os nossos traços distintivos. A doença do nosso tempo é sobretudo a perda da memória, já não termos herança do passado, nem da grande tradição cultural, de arte, filosofia, literatura verifica-se uma quase dissolução. Por isso, o confronto é quase impossível, porque de um lado temos o fundamentalismo e do outro lado, a indiferença".
O cardeal Ravasi, mesmo assim, não desanima e aposta num caminho: "Reconstruir uma gramática própria, um verdadeiro projecto de diálogo, segundo as novas estradas de comunicação".


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Mais conversa para ocultar o que de facto está em causa - mais desenvolvimento da narrativa, cada vez mais estafada, da «crise de valores» para, a cavalo disso, meter a sua colherada. Ora ao contrário do que diz o cardeal, nós os Ocidentais não perdemos os nossos traços distintivos. Pelo contrário - quanto mais tempo passa, quanto mais o Cristianismo perde terreno na Europa, mais vem ao de cima o verdadeiro espírito ocidental, herdado da Grécia e de Roma, e da Céltica e da Germânia. Deve salientar-se que, antes de mais nada, os traços distintivos dos Europeus são os mais óbvios, literalmente, aqueles que nenhum bem pensante promotor de universalismos quer sequer considerar, a saber, os étnicos - raciais e culturais (língua nacional, folclore). Só por isso já se justifica adamantina resistência ao que vier de fora. Mas aquilo de que o cardeal está aqui a falar é doutra coisa, refere-se à civilização... Ora também nisto o traço distintivo ocidental que aqui está bem à vista e o cardeal quer negar é, clarifique-se, a Liberdade. Já Aristóteles notava, no século IV a.c., a diferença essencial entre os Ocidentais/Setentrionais/Gregos por um lado e os Orientais por outro - os primeiros amam a Liberdade, os segundos não. Os do frio, como dizia Aristóteles, podem ser primitivos mas têm firmeza e amam a Liberdade, enquanto os Orientais, embora sendo tão capazes de criar cultura como os Gregos, não têm contudo apreço pela Liberdade e por isso vivem justamente subjugados. O Cristianismo e o Islão vêm ambos deste ambiente espiritual oriental. O cardeal Ravazi é herdeiro deste espírito, não admira que o valor da Liberdade lhe passe ao lado, e isto independentemente da velha charla cristã do livre arbítrio, que, de resto, basicamente diz que há livre arbítrio para obedecer a «Deus», mas quem não «livre-arbritrar» em obediência a «Deus» vai para o inferno, no essencial é a mesma liberdade que qualquer Estado totalitário oferece aos seus cidadãos...
O Ocidente tem de facto um rosto, e cada vez mais límpido - à medida que a poeira se afasta, os seus traços tornam-se cada vez mais nítidos. Que os ravazis não o reconheçam ou não gostem de o ver é outra coisa. Mas o rosto existe, pelo menos enquanto os Europeus propriamente ditos não forem substituídos, através da iminvasão, por gentes de fora, que tragam outra forma de ser ou sejam porventura mais influenciáveis pelas palavras da Igreja, para que se voltem a encher as igrejas... Contra isso está a salvaguarda do verdadeiro rosto da Europa, sereno e olimpicamente sobranceiro aos apelos dos auto-proclamados donos da verdade. O seu nome é Libertas.